MITOS E VERDADES SOBRE A CASTRAÇÃO

A castração é muito importante no controle populacional dos cães e gatos e muito útil para esse fim. E embora isso seja extremamente relevante em um país como o Brasil em que temos uma grande população de animais de rua, precisamos cuidar pra não encarar a castração como um remédio milagroso para todos os problemas comportamentais e de saúde, pois não é bem assim que funciona. Pra esclarecer dúvidas sobre o assunto, no texto de hoje vamos abordar alguns dos mitos e verdades sobre a castração.

Mito 1: A castração vai resolver o problema comportamental do meu pet.
Geralmente não. Na verdade em alguns casos castrar pode até piorar o problema. Por isso, a castração só é indicada como parte do tratamento de problemas comportamentais em casos específicos como, por exemplo, a gravidez psicológica canina. Nesses casos a castração pode auxiliar no tratamento comportamental, mas será apenas parte de um protocolo terapêutico que vai envolver outras medidas além da castração. Se essa é a sua dúvida, busque um médico veterinário comportamentalista pra determinar se castrar pode ou não ajudar no tratamento do problema comportamental do seu peludo.

Mito 2: A castração evita o desenvolvimento de câncer.
Existem muitas dúvidas e muita polêmica sobre esse assunto. As pesquisas científicas realizadas até hoje indicam que alguns tipos de câncer podem ter sua incidência diminuída com a castração e outros podem ter sua incidência aumentada.

Mito 3: Castrar faz o pet ficar obeso.
Não. Castrar altera os níveis hormonais e o metabolismo do animal, fazendo com que necessite ingerir menos calorias. Em alguns casos os bichos também podem ficar com um nível disposição menor, o que faz com que se exercitem menos. Esses fatores podem ser facilmente manejados, corrigindo a quantidade de alimento fornecida e alterando a alimentação do cão ou do gato para uma versão menos calórica (no uso de rações comerciais existem as light ou para animais castrados), além de realizando um tempo maior de passeios e brincadeiras.

Mito 4: Preciso deixar que o meu animal se reproduza pelo menos uma vez antes de castrá-lo.
Definitivamente não. Não há nenhuma pesquisa que justifique esse pensamento. E imagine se cada pet que existe precisasse ter filhotes? Não teríamos tutores suficientes pra dar qualidade de vida pra cada um deles e provavelmente teríamos uma população gigantesca de animais de rua. Não há necessidade de que o seu pet se reproduza antes da castração. Também há casos em que o tutor tem aquele pet tão amado e pensa em “tirar uma cria” pra ter outro parecido depois. Acontece que os filhotes podem ser totalmente diferentes dos pais, e ainda por cima as fêmeas caninas e felinas costumam ter bem mais do que um filhote. E pra onde vão os outros animais? Muitas vezes pra rua. Dificilmente o tutor vai ter o zelo de acompanhar os filhotes adotados da cria da sua cachorra ou gata por 15 ou mais anos pra garantir que eles tenham o devido cuidado durante toda a sua vida.

Mito 5: Existe uma regra para a idade correta da castração de cães e gatos.
Para cada indivíduo a idade apropriada para a castração, e a decisão de castrar ou não é diferente. A idade correta para a castração de um animal deve ser definida pelo médico veterinário a partir de dados como a espécie, o sexo, a saúde, o comportamento, o estilo de vida, a adequação para a reprodução, além da consideração das doenças mais comuns para a raça ou porte, e a influência da castração nessas doenças (já que a castração possui efeitos diferentes em cada doença, assim como cada raça ou porte de animal possui tendências diferentes para o desenvolvimento de determinadas doenças). Também é preciso salientar que se o pet possui tutores responsáveis que não permitem que ele tenha acesso à rua sem estar acompanhado e usando guia e peitoral, em alguns casos a castração pode não ser recomendada.

Verdade 1: Castrar evita piometra.
Sim. A piometra, que é uma infecção no útero comum em fêmeas, principalmente na idade adulta e na velhice, é prevenida pela castração. Uma vez que na castração são retirados os ovários, as trompas e o útero, fêmeas corretamente castradas não desenvolvem piometra.

Verdade 2: Castrar ajuda na diminuição de animais abandonados.
Sim. A castração é importante para ajudar na redução de animais abandonados tanto em situações em que se castra o animal e o devolve para a rua, como em populações ferais de gatos (que são felinos que não aceitam a presença de humanos, e não viveriam bem em uma residência) ou em cães comunitários (que são cuidados pelos moradores de determinado local, possuindo um responsável que alimenta, prove abrigo e cuidados veterinários para o pet), quanto para evitar crias indesejadas em pets domiciliados. Muitas vezes devido às fugas pra rua ou no caso dos cães, que conseguem se acasalar através do portão, podem acontecer crias não programadas e com elas mais filhotes que precisarão de um lar. Nas ONG de proteção animal e nos protetores independentes podemos achar vários animais à procura de uma família, muitos são resultados dessas crias. Seja evitando crias “indesejadas” ou “acidentais”, a castração ajuda e muito na diminuição de animais abandonados.

Verdade 3: Animais de abrigos devem ser castrados.
Sim, castrar pets que não possuem um tutor ajuda a controlar o número de pets abandonados. E essa prática ajuda a diminuir o sofrimento animal, uma vez que evita que eles procriem, gerando outros bichos sem um lar.

Esperamos que esse texto tenha ajudado a responder algumas dúvidas. Castrar é muito importante, mas é uma decisão que deve ser tomada de forma esclarecida e consciente para garantir o bem-estar do seu pet.