O QUE É MEDICINA VETERINÁRIA COMPORTAMENTAL?

A medicina veterinária comportamental, que também pode ser chamada de zoopsiquiatria ou etologia clínica, é uma especialidade da veterinária voltada para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento dos problemas comportamentais em animais.

É uma área relativamente jovem na medicina veterinária, iniciada ao redor da década de 60, e que está em constante evolução.  Novas pesquisas e descobertas científicas estão sendo realizadas a cada dia e é por isso que o médico-veterinário comportamentalista precisa ser um profissional que esteja em contato constante com as descobertas científicas atuais, sabendo como buscar, interpretar e aplicar os dados científicos para o melhor tratamento de cada paciente.

É também uma especialidade multidisciplinar, exigindo conhecimentos de clínica médica veterinária, comportamento animal aplicado e psicologia. Nessa área é essencial abordar a saúde animal de forma integrada, avaliando tanto os problemas físicos, quanto os emocionais e comportamentais. Isso é importante porque muitos problemas comportamentais podem estar relacionados, por exemplo, a dor, disfunções neurológicas e desequilíbrios hormonais, e diagnosticar possíveis patologias fisiológicas é essencial para o seu tratamento eficaz.

O médico-veterinário comportamentalista deve buscar a relação entre as patologias fisiológicas e os estados emocionais do animal, avaliando o seu papel no estabelecimento e desenvolvimento do problema comportamental, para a partir disso traçar o melhor protocolo terapêutico para o paciente.

 

Qual é a diferença entre a medicina veterinária comportamental, as outras especialidades veterinárias e o adestramento?

O adestramento é uma das ferramentas utilizadas na medicina veterinária comportamental, uma ferramenta essencial, mas que é apenas uma parte de um total maior de ferramentas que são utilizadas pelo veterinário comportamentalista. Isso porque, ele irá abordar o problema comportamental do animal de um ângulo clínico comportamental, avaliando todos os fatores médicos que podem estar envolvidos, diferenciando quando o problema comportamental possui base ou envolvimento fisiológico e também quando o problema fisiológico possui base ou envolvimento comportamental.

Quer um exemplo? Imagine um cão que possui o hábito de fazer xixi no lugar errado, ele já foi treinado por um bom adestrador, os tutores seguiram todas as instruções dadas por ele, mas o pet permanece urinando por toda a casa. O cachorro tem uma aparência saudável e não se suspeita de nenhum problema de saúde. Porém, ao passar por uma consulta comportamental o veterinário comportamentalista avalia o animal quanto à sua capacidade de aprendizado, a relação com os tutores e com outros animais, o ambiente em que ele fica, a rotina da família com o pet, todo o seu histórico médico e comportamental, além de examiná-lo clinicamente. Com base em suas suspeitas decide pedir exames complementares, que revelam que o cão havia desenvolvido um quadro de diabetes mellitus. O veterinário comportamentalista  estabelece o protocolo terapêutico para o animal e após o devido tratamento em conjunto com o clínico veterinário de referência do pet e o adestrador, o cão passa a urinar no local correto.

Então o adestrador errou? De forma alguma! Ele fez um ótimo trabalho dentro da área do comportamento animal, porém haviam questões médicas envolvidas no problema comportamental que não seriam solucionadas sem o olhar clínico de um veterinário especialista em comportamento animal.

Quer outro exemplo? Imagine um gato que suga e ingere tecidos e por isso vomita constantemente. O clínico veterinário já realizou vários exames, e parece estar tudo normal, mas o felino permanece sugando e ingerindo tecidos e vomitando. Mesmo tomando medicações para diminuir o enjoo e proteger a mucosa gástrica o gatinho não melhora. O clínico aconselha os tutores a buscarem um veterinário comportamentalista, que após a avaliação, diagnostica um transtorno compulsivo causado, entre outros motivos, por um desequilíbrio de neurotransmissores. Ele estabelece um protocolo terapêutico envolvendo terapia comportamental, alterações no ambiente e o uso de psicotrópicos, com o qual o problema comportamental é controlado, assim como os vômitos do felino.

O clínico veterinário errou? Também não! Ele agiu dentro de sua área de atendimento e ao perceber que poderia se tratar de um problema com envolvimento comportamental, encaminhou o paciente para o colega especialista em comportamento. E é por esse motivo que o trabalho em conjunto de veterinários comportamentalistas com adestradores e também com veterinários de outras especialidades é tão importante.

 

Como um médico-veterinário comportamentalista pode ajudar o meu pet?

Podemos ajudar tanto na prevenção de problemas comportamentais, quanto no diagnóstico e tratamento deles. Sendo assim, bons exemplos de serviços que podem ser realizados por médicos-veterinários comportamentalistas são: a consultoria na escolha do pet mais adequado para a família; na introdução de um novo pet na casa; na socialização de filhotes; na adaptação do pet para a chegada de um bebê na família; a promoção do bem-estar de animais que vivem em instituições de pesquisa, criadores, abrigos, centro de zoonoses ou protetores; a promoção do bem-estar do pet idoso e dos pets com alguma deficiência; o tratamento de problemas comportamentais; e o tratamento de doenças psicogênicas. O nosso objetivo é ajudar os animais a terem uma vida mais feliz, saudável e equilibrada, melhorando a convivência entre o pet e a família, promovendo o bem-estar do paciente e devolvendo a qualidade de vida e a harmonia às famílias multiespécies.